Autor: Laércio Lins
Água, fogo, terra e ar.
Pensamento, sentimento, palavra e verso.
Elementos da poesia, leito onde dorme meu reverso,
mistura e avesso do espelho em que me vejo.
Sentimento seco que sai da palavra crua
que me solta nos vales, corpo da palavra nua,
calando a língua, palavra solta na rua.
Lua minguante,
verso sem rima, sem terra, sem teto e sem jeito,
respiração, coração que não cabe no peito,
sufoca e aperta.
Água, fogo, terra e ar.
Oração, solidão do rio que vira mar,
explosão de vulcão solta no ar,
larva que desce a montanha,
larva que lava e petrifica a montanha.
Orvalho da manhã na folha seca,
sem vida, cena que nega.
Noite sem luar, coração sem amar,
brilho roubado do olhar.
Fada que cria o encanto, a beleza e a magia.
luz que transforma a noite em dia,
rima que dá brilho à poesia,
acende as estrelas com o fogo da vida,
pendura outra lua no céu infinito,
apaga essa noite, acende outro dia,
me dá um sentimento para um verso bonito,
me ensina as palavras que moram nas entrelinhas
do silêncio depois do grito.
Quando lemos algo é mister estarmos atentos ao que não está escrito;mas,o que não foi escrito,alguém dirá:Não existe!E quão triste é esta alma incapaz de avivar o poder das entrelinhas.Onde irá parar?
ResponderExcluir"Grito e silêncio" foram as duas palavras que chamaram minha atenção neste texto de Laércio;imaginei o silêncio de Caronte a transportar almas docemente e os desesperados gritos daqueles que não puderam estar na travessia.Será que o barqueiro não silenciou "depois do grito" vão?