terça-feira, 1 de junho de 2010

O brilho e o som que se vê

Autor: Laércio Lins

O brilho de uma estrela cabe na poesia, o som do silêncio também, no entanto, para ver o brilho da estrela é preciso ver além dos olhos, é preciso ver a alma por fora e por dentro.
Para ouvir o som do silêncio é preciso mais que ouvidos. Beethoven, surdo, compôs a nona sinfonia.
Vejo o brilho e escuto o silêncio, leio as linhas e principalmente as entrelinhas. Já ouvi alguém dizer que filosofia não serve pra nada. Serve sim, não houvesse a filosofia não existiria a arte e não existiria a poesia. Não houvesse a arte, não existiria a ciência ou a tecnologia. Os pensamentos se cruzam nas esquinas e também nas ruas retas, largas ou estreitas, ensolaradas ou chuvosas.
É possível voar à "terra do nunca" pra conversar com Peter Pan, e depois, através da filosofia de Heráclito, Sócrates ou Platão, ir à terra do sempre, lá se encontra as realidades e as fantasias que moram nos mitos que ultrapassam nossas fronteiras, nossos medos e nossos abismos.
Einstein olhava o trem pra ver o tempo, Ascenso Ferreira pegava o mesmo trem e saía "danado pra Catende."
Não importa pra onde se olha, o que importa é o que se vê. Platão nos trouxe o Mito da caverna, Heráclito nos banhou no rio. Em sua divina comédia, Dante nos mostrou o purgatório e o inferno em seu passeio com Virgilio, depois nos mostrou o paraíso em companhia de sua musa Beatriz. Cervantes nos emocionou com a poesia que há em Dom Quixote, sua amada Dulcinéia e seu amigo Sancho Pança em luta pelas diferenças sociais, enfrentando até moinhos de vento.
Velhos olhares, belas visões. Poesia, ciência e arte nos ensinando as belezas, das quais, a raça humana é capaz. Mesmo assim, enchemos o mundo de fumaça.
Ainda bem que Pandora guardou esperança em sua caixa, pouco a pouco olhamos o mundo de maneira diferente, descartáveis começam a dar lugar a recicláveis, começamos a enxergar a morte de árvores em uma inocente folha de caderno. O homem lobo do homem às vezes tem dia de cordeiro. As linguagens do silêncio, da sensibilidade e da percepção, cada dia fazem mais sentido, a comunicação é nossa maior ferramenta.
Caetano Veloso escreveu e cantou: "A Língua é minha Pátria. E eu não tenho Pátria. Tenho mátria. E quero frátria". Nesta frase demonstra impaciência, quase rebeldia pra chamar atenção pra outras maneiras de ver. A língua é pai, mãe e irmã da expressão e da compreensão, ligação entre todos os credos e valores, plasma do brilho e do som que, em tudo, se vê.

3 comentários:

  1. Platão dizia: "A vida não questionada não merece ser vivida",ou mesmo,"Todo homem é um poeta quando está apaixonado";poder-se-ia dizer que "São muitos que usam a régua,mas,poucos os inspirados" como o poeta desta página virtual.Acho muito apropriado e digno citar Tímon Platão neste pequeno comentário para promover lucubração e enfatizar o real valor que existe na arte sob todas as suas manifestações como expõe Laércio Lins.Nad.

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  2. "Para grandes intelectos, explique usando ensinamentos profundos e extensivos. Para intelectos inferiores, explique usando palavras fáceis de lembrar, simples e fáceis de compreender. Depois corte, precisa e sutilmente, as conexões que são contraditórias."
    Deleito-me com sua delicadeza em manusear as palavras.

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  3. PERFECT... brilhante adorei, de uma profundidade enorme.
    Vc é um excelente poeta...rs...
    Simples e ao mesmo tempo sofisticado nas suas interpretações!!!

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