terça-feira, 13 de julho de 2010

Com gosto de kiwi

Autor: Laércio Lins

Hoje acordei cedo, muito cedo, antes do sol. Alias, acho que não dormi. À noite os pensamentos se organizam e abrem espaços imperceptíveis à claridade do dia. Acordei poeta, essencialmente poeta.
Ultimamente tenho tido sentimentos maior que meu coração, acho que por isso tenho andado com a sensação de aperto no peito.
Kiwi. Conheço, é uma fruta muito bonita e exótica, embora nunca tenha experimentado. Pensamentos diferentes têm me rondado, um quê de poesia filosófica, erudita e ao mesmo tempo simples. Acredito que foi esta simplicidade e leveza que me permitiu pensar em kiwi como um símbolo de novidade. As frutas tropicais mais comuns são: banana, manga e laranja, gosto muito delas, mas, pensei em Kiwi, assim como quem olha para as mesmas coisas de outro ângulo e vê diferente.
A poesia parnasiana me mostrou as formas, no entanto, sempre fugi de apenas formas, sempre procurei o conteúdo nas coisas. Hoje, sinto minha poesia mais completa, mais sintonizada e equilibrada. Eu não escolho o tema, o tema me escolhe trazido por uma musa, uma estrela, um momento ou um lugar. A poesia está em tudo, em coisas, pessoas e seus gestos, na vida e no dia a dia. A poesia está numa mulher madura que já não se encanta apenas com a embalagem do presente, que vive o conteúdo dos sentimentos. Também está na adolescente que começa se aprontar para uma festa uma semana antes ou no pai que, com o filho, coleciona as figurinhas dos craques do futebol. A poesia está na descoberta da novidade Kiwi.
Há quem pense que escrever um poema é só juntar um monte de palavras sem sentido e se alguém não entende, justifica-se: “Foi o que senti.” Nada contra ou a favor, não há verdade absoluta, no entanto, a poesia para ter vida precisa ter alma e sentimento.
Tenho o privilégio de ser um poeta de temas bonitos e de frases alegres, não aprendi poetizar dramas e tragédias. Tenho temas e motivos, minha lua é real, ela existe, tem quatro fases e brilha, mesmo quando há nuvens e não a vejo. Pensei nisso quando acordei. A estrela não imagina o tamanho de meu sentimento e do significado do que escrevo. Por que me enviaria um raio que me aquecesse a alma? Não faz mal, terei as palavras e o pensamento das noites que se transformam em poemas de manhã.
Sou poeta, independentemente de minha profissão, de minha posição social ou cultural. A poesia está em minha essência, é o liquido que brota de minha nascente e se transforma em rio que vence as represas e depois se transforma em mar. Minha poesia está em meus poros e em minhas veias, é estimulada por uma gaivota, uma estrela ou qualquer outro motivo que surgi, sempre que penso que a luz vai apagar ou quando sinto frio.
Pensar em Kiwi me trouxe esperança em outra tonalidade de verde, me fez lembrar que o sol nos empresta o fogo que nos mantém acesos enquanto as gaivotas nos mostram que podemos voar.
Hoje, vivo a poesia real, rica em emoção, em saudade e uma infinidade de outros sentimentos. Brindo à poesia útil, que acerta o alvo, que tem forma de seta com direção e sentido. Degusto a poesia como se fosse vinho ou simplesmente a contemplo-a na beleza do Kiwi.