sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Desejo incomum

Autor: Laércio Lins

Quero um lugar...
...Um "lugar" onde cabe o imensurável, onde não cabem fórmulas ou formas definitivas. Por que o universo, uma galáxia, um grão de areia ou a cabeça, estão e são ambientes de transformação.
Um lugar onde as definições sedem espaço para os conceitos. Por que gente não é exato e já descobrimos que não há espaço para a técnica sem humanidade ou para a forma sem conteúdo.
Um lugar aberto à idéias e inovações, onde pré-conceitos não são bem vindos por que limitam a liberdade de expressão, de sentimento e de pensamento
Um lugar onde a igualdade respeita as diferenças. Por que cada pessoa é única e livre para promover o bem comum e o amor.
Um lugar onde o tempo não acaba, apenas continua. Por que a vida é um processo de melhoria contínua e não pára, onde olhar se transforma em Ver e ouvir se transforma em Escutar.
Um lugar onde a solidão seja apenas uma palavra no dicionário e todos tenham direitos, deveres e prazer de ser útil. Por que se cada um fizer a parte que lhe cabe, tudo será melhor para todos.
Um lugar onde cabe a esperança e fé, por que se tudo acabar restará a certeza de recomeçar.
Apenas um lugar...

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sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Sobre água e pessoas

Autor: Laércio Lins

A natureza da água é fluir em direção ao mar. No percurso, se transforma em chuva, vapor ou gelo e também transforma lugares, coisas e pessoas sem jamais perder o objetivo.
Jamais estagnação, a água parada apodrece. O homem sem direção perde também o sentido e morre mesmo estando vivo.
Sejamos vida, sejamos inquietos em direção a nossos ideais, assim como a água. Que nossos sonhos e planos não morram na vontade distante ou no papel. A natureza da água e do homem é seguir em frente.
O ano novo não trará mudanças, somos nós que, através de nossas ações, gestos e atitudes, levaremos mudanças para o novo ano.
Sucesso a todos nós e quando o peso parecer insuportável, fé, Deus estará ao nosso lado para nos ajudar.
Onde houver uma gota d água, não importa a altitude, ela estará em direção ao nível do mar.

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terça-feira, 15 de novembro de 2011

Sugestão

Autor: Laércio Lins


Sugiro que você hoje se olhe no espelho e diga para si o quanto é bonita ou bonito. Que merece sucesso, saúde, paz, carinho e amor.
Diga o quanto se gosta e o quanto se admira, o que merece de bom por que você é do bem e só constrói o bem.
Se olhe nos olhos e agradeça a Deus por todas as coisas que você tem e por todas as coisas que conquistou. Pense nas pessoas que você gosta e que são importantes pra sua vida.
Se olhe nos olhos e se curta, se admire como uma obra de arte. Cuide de seus pés, eles são a base de sustentação de uma obra de arte, você É uma obra de arte da natureza.
Se olhe no espelho e observe sua alma nua, admire seu corpo, seu olhar e seu sorriso. Faça também algumas caretas pra ativar o humor.
Fique um tempo com você, livre de interferências externas. Pense que há coisas que só você pode fazer por você. Depois, siga forte pra enfrentar as adversidades do dia a dia, para tirar do baú velhos projetos e acordar para realizar velhos sonhos.
Seu dia, sua semana, seu mês e seu ano são o tempo e o espaço que você precisa e dispõe pra ser feliz.

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domingo, 13 de novembro de 2011

Para acender a luz

Autor: Laércio Lins


De que material é feito a beleza?
Qual o peso da leveza?
De que momento nasceu o tempo? Será que no mesmo lugar onde foi soprado o primeiro vento?
De que pedra preciosa nasceu a alegria? Das larvas de um vulcão? Da água limpa e fria?
Sentimentos bons têm brilho de metal, tem gosto de festa.
Pensamentos não pensados, palavras nunca ditas ou escritas. Será essa a origem da filosofia?
O bem contra o mal, o bom contra o ruim. 1x0 ou empate? Ou será que um alimenta o outro?
De que magia nasce o encanto. A paixão é uma miragem que faz o feio parecer bonito ou é ilusão de ótica?
Será que o medo é parente do grito?
De que é feito o pensamento? De saudade? De lembranças? De ansiedade? De depressão? De senso crítico? De bom senso? Ou de esquecimento?
O poder é forte? Ou se esconde em uma máscara pra não revelar a fraqueza?
Será que o desejo deseja?
Qual a lógica da lógica?
A morte vive de matar a vida.
A esperança que saiu da caixa de Pandora mora agora no ninho da Fênix e acorda todos os dias de manhã.
Eva comeu mesmo a maçã?
Em meio a isso tudo como fica o amor? Na sessão da tarde ou no filme de terror? No beijo de Hollywood ou na novela da TV Globo?
As mães da praça de maio sofrem e sentem saudade de janeiro a janeiro. Deveriam ser mães da praça do ano inteiro.

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sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Viajante do tempo

Autor: Laércio Lins

Lembro daquela viagem.
No porão de um navio negreiro, sou escravo, tenho banzo, sinto frio.
Sofro em várias senzalas, saudade de minha amada.
Vivo em quilombos e sou amigo de Zumbi.
Aprendo com a dor da guerra, o valor da liberdade e o amor por minha terra.
Sou sertanejo, vejo vegetações e folhagens confirmando a estiagem, a terra seca, rachada e o gado sem pastagem.
Também vivo no mangue com amigos caranguejos.
Mergulho em terras estranhas, sou muito curioso.
No alto de uma montanha,
espero por vida nova trazida por Conselheiro.
À luz de um candeeiro escrevo lindos cordéis,
encho os dedos de anéis
e me transformo em bacamarteiro.
Também sou feirante, pescador, ticuqueiro e cambiteiro,
estafeta e vaqueiro. Até compus um aboio.
Sou parceiro de poetas consagrados,
João Cabral de melo Neto e Manoel bandeira.
Sou cangaceiro do bando de Lampião a fugir das volantes
pra minha cabeça não ser cortada.
Canto coco de roda, embolada e ciranda com Lia de Itamaracá,
danço forró e sou rei. Sim, Rei do maracatu rural.
Faço repente abraçado à viola,
cujo mote é o passo de uma ema
e no aconchego da sombra da jurema
adormeço, ao por do sol, nos braços de Iracema.
Converso com Pedro Malazarte,
vejo arte na astúcia de João Grilo,
nas traquinices de Cancão de fogo
e nas desordens de Corisco.
Ajudo Ascenso Ferreira botar o trem nos trilhos
e com ele vou Danado pra Catende pra olhar as moendas da usina.
Me lambuzar no melaço, ver a queimada na cana em nome do açúcar,
mesmo que eu vire bagaço.

Sou viajante do tempo em que a vida é um teatro,
episódios e lendas são partes de uma peça em três atos,
os personagens e mitos são atores tão presentes
que as alegrias e tristezas, o real e a fantasia,
a razão e a emoção, o sim e o não,
são apenas partes da vida que eu mesmo faço.


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domingo, 23 de outubro de 2011

Resta

Autor: Laércio Lins


Resta a resta da fresta da porta,
o rastro de espuma depois do navio
o traço de fumaça depois do avião
o rastro da saudade do amor que sumiu

Resta o passo do homem que segue sozinho
Resta o rastro no fim do caminho
o sopro do vento girando o moinho
A vida no pássaro, o ovo no ninho.

Resta o trovão depois do relâmpago,
resta a fumaça depois da explosão
resta a lava depois do vulcão.
Depois do fogo, da água e do ar, resta o chão


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quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Bandeira encantada

Autor: Laércio Lins


Bandeira encantada, um destino,
me faz de novo menino.
Nuvem azul, uma força,
fada madrinha, um caminho.
Estrela, mãe e guerreira,
jamais me deixas sozinho.

Estrada encantada, esperança,
me faz de novo criança.
Descanso livre em teu colo,
me conduz, me orienta na viagem.
Virgem madrinha me guia
para que eu não me perca em miragem.

Luz encantada, um brilho,
me abraça, eu sou teu filho.
Mãe e Senhora, meu rumo,
me entrego inteiro em teus braços,
ilumina meu destino
e a direção de meus passos.


Homenagem à Mãe de todas as mães em seu dia no Brasil. Salve 12.10.2011
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sexta-feira, 30 de setembro de 2011

O veleiro

Autor: Laércio LIns


Velas ao vento.
Velejar cortando ondas, ganhando o mar.

Velas ao tempo.
Em novo rumo, águas profundas a desvendar.
Forte veleiro a deslizar por novas paisagens,
águas distantes, longa viagem.

Velas ao vento,
A alma do porto tem metade terra e metade mar.
Às vezes chegada, outras vezes partida.

Veleiro tempo,
outras culturas,
em águas calmas ou tempestades.

Em mar escuro, veleiro medo,
bebendo a brisa, veleiro cedo.
Leve e que leva eterno encanto,
águas, espumas e um rastro branco.

Sede das águas de todos os mares, fome dos ventos de todos os ares.
Seguindo a rota, buscando prumo.
Velas revelam os encantos do mar.

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sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Apenas conceitos

Autor: Laércio Lins

Os sentimentos saem pelas janelas de quem escreve e entram pelas portas de quem lê, ganham outras possibilidades de interpretação e provocam novos sentidos em outros mundos.
A poesia se liberta do autor, se multiplica tanto quanto lida for e deixa um vazio a ser preenchido pela próxima a ser escrita
A sensação de fluxo torna a poesia ainda mais bonita, traz uma sensação de infinito perto, bem ali, quase ao alcance das mãos. Ao mesmo tempo, um sentimento de perda, a espera pela onda que se repete, no entanto, a cada momento em nova forma. Tudo está em transformação, a próxima palavra, o próximo momento, a próxima conversa, o próximo segundo agora é passado. O final anuncia um novo início, o ponto de partida para quem está indo, pode ser de chegada para quem está voltando, por que “nada do que foi será do jeito que já foi um dia.” A prosa pode ser visto como poema ou poesia, o que importa é sentir e o que fica é a ação que leva à renovação.
Fazer é ação, desmanchar o que foi feito também, é tudo uma questão de referência. Tudo flui e tudo é relativo, em um balé de escolhas, as idéias originam nascimento ou morte, adormecem com a noite para não mais acordar ou acordam numa manhã de setembro junto com a primavera a florescer novos gestos.
A poesia está na mãe que amamenta o filho que acabou de nascer e também na morte, vi isso em meu pai em sua partida, sentimento doloroso, mas, que tinha um quê de conclusão, de dever cumprido, de encerramento e também de recomeço.
Para quem não sabe rezar, a poesia é oração, por que Deus compreende a língua dos sentimentos e do amor, não há tradução para o sorriso de uma criança a conversar com seu brinquedo nem para o silêncio de um inocente condenado que desistiu de lutar.
Vejo poesia em palavras que jamais serão escritas, não se conjuga o verbo chover, no entanto, em sentido figurado a chuva pode significar lágrimas e ao mesmo tempo alegria para o homem camponês ao final da estiagem. Tudo está no milagre de viver.
A poesia é muito mais que palavras organizadas em um lay out estético, a verdadeira poesia não cabe na forma sem conteúdo como pensavam os parnasianos, a métrica e a rima são apenas possibilidades.
Há poesia nos pés descalços que pisa a uva, tanto quanto na sofisticação do vinho em brinde, por que poesia é o nome que se deu a todos os sentimentos e todos os momentos. A poesia anda com os pés no chão e a cabeça nas nuvens. Não permite preconceitos, não discrimina e não julga, apenas alivia a inquietude de quem escreve ou de quem lê, com a mesma simplicidade que a água sacia a sede, se molda aos sentimentos como as luvas se acomodam às formas das mãos.

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quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Maquiagem

Autor: Laercio Lins

Realce da alma, olhos,
janelas delineadas,
negrito ao rosto calmo.
O rosto no espelho, sombras, retratos.
Quadro, enquadro do olhar e do olho que vê,
que guarda a clareza, a cor e o tom.
Batom, moldura da boca,
casa da palavra, da voz e do som.
Entre a máscara e a cara limpa,
em sentimento, se transforma a tinta
na face de quem se pinta.

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terça-feira, 30 de agosto de 2011

Concepção e parto de uma poesia

Autor: Laércio Lins


A transformar preto e branco em cores, é assim à primeira vista.
A transformar pensamentos em palavras, são assim os primeiros sons e as primeiras linhas.
A transformar o silêncio em linguagem, feito mímica, surge a voz do olhar e do pensamento.
A transformar passos em caminhos, é assim a primeira viagem. Um enorme trem de histórias.
Surge fadas, gaivotas, esculturas e um universo imaginário.
Surge templos, naves, deuses e demônios, céus e infernos.
Surge estrelas, pedras e luzes, muitas luzes.
Luzes que fazem brilhar a língua lusitana, revelando formas, desenhando pés, bocas e mãos.
Nasce assim a primeira frase. Frágil e tímida, delicada e clara.
Surge assim um grande amor,
surge assim, poesia,
surgiu assim, quase tudo.
A lapidar pedras brutas, ostras e pérolas a batizar em água e sal o próprio destino, o próprio rumo.

Contemplação à poesia que em forma de mulher se recita, ressuscita, surge e ressurge.
Montada em um cavalo alado sobrevoa montanhas, pântanos, colinas e castelos.
Ora flor, ora luz, ora mar, ora ar.
Lindos pés, alicerces na construção de um texto, sustentação de uma obra de arte.
Imagens. Lágrimas, risos e aplausos. Fantástico cenário imaginário, fantástico mundo imaginário, tanto quanto real.
A busca pela perfeição torna possível o impossível.
Beber o néctar das flores, beber na fonte da vida a água da fonte divina.
Entre sentimentos, entre fragmentos de alegria ou de dor nasce o texto, explodido, sem regras.
Entre estilhaços surge a palavra, a estrofe, o verso, a rima, como um amanhecer.
Concebido e expelido como num parto, erguido como um troféu pelas mãos do poeta, moldado e esculpido como uma escultura do centro da praça de uma cidade imaginária, minha cidade imaginária, que se alimenta e vive nas páginas de seu próprio encanto.
Encantos de beleza essencial e de complementos.
Encontro entre o concreto e a abstração, por que sentimento é preciso e não é exato.
Formas, cores, cheiros, silêncio e som ritmado, cadência do coração marcando a vida que segue.
Ostra e ao mesmo tempo Pérola.
Agora um silêncio, tudo é calmaria, uma leve brisa sopra o berço do próximo poema. Não muito distante, sons de violinos ensaiam a trilha sonora pra outras histórias.

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sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Mão que conduz

Autor: Laércio Lins


A força orientada pela sensibilidade se transforma em afago, carinho que guia, educa e orienta.
O olhar que insiste em ver resulta em descoberta que ensina novos caminhos, por que ser pai não é apenas ter filhos, e sim, transformá-los em pessoas melhores.
Locomotiva a guiar nos trilhos. Ser presente, aprender com a novidade, ver no filho ou filha a oportunidade de se prolongar no futuro e de se reinventar.
Se alimentar da raiz. Ser árvore, cujos frutos sejam alimento, certeza de continuidade e esperança.
Se encontrar nos filhos como em um espelho que volta as imagens e o tempo, se rever criança, voltar ao começo.
Por que ser pai é compreender que é hora de conduzir, ser ponte que transporta da ilha ao continente. Seguir uma estrela e guiar pelo deserto, muitas vezes sem saber o caminho, até o ponto do nascimento ou renascimento.
Por que ser pai é ser “sim” e algumas vezes ser “não” e mesmo sem compreender ser explicação.

A todos os pais por seu dia. Salve 14.08.2011

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Amor e sonho


Autor: Laércio Lins (Texto e gravura)


Não sei se é verdade por ser poesia,
não sei se é poesia por ser verdade,
mesmo que para uns, seja apenas fantasia.
Leve, como é leve a paz.
Se fosse o sonho um encanto, eu adormeceria
e dormindo renasceria,
Já que o sonho é porta livre que permite o vôo mais alto
e o brilho mais brilhante, corre o mundo num instante,
alheio ao tempo, noite e dia.
O amor vem desse laço, dessa mistura, desse traço,
e encontra em cada sonho a harmonia dos braços.
Amor é semente plantada nas profundezas da terra
que a acolhe até brotar.

Não sei se é poema por ser fantasia,
ou realidade por ser poesia.
Mesmo que, para poucos seja clareza e para outros, incerteza,
prefiro ver como abrigo que guarda a sabedoria,
magia da plantação que revela os segredos do chão,
que revela o segredo das ondas compondo a dança do mar.
Inspirar e expirar. Respirar é segredo do ar.
Se o sonho é uma janela, que permite o olhar mais fundo,
nele viajo e encontro o tempo todo em um segundo.
Descubro assim, novos mundos desenhados com outros traços.
O amor vem desse espaço, descansa no olhar e no abraço,
se amplia em cada encontro, cada cheiro e cada laço.

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domingo, 31 de julho de 2011

O pássaro e o poeta


Autor: Laércio Lins (Texto e gravura)



Assobiar,
o assobio me lembra bico
e o bico me lembra pássaros
e os pássaros me lembram asas.
Pássaro enquanto poeta, me ponho a voar.

Dar asas ao pensamento,
no vôo encontro a poesia
e a poesia me transporta solto
e solto, me sinto livre.
Livre enquanto pássaro. Preciso voar.

Viajar em pensamento,
na viagem encontro o motivo
e o motivo me faz feliz
e feliz me sinto em paz.
Em paz enquanto pássaro.
Poeta preciso a voar.

Sonhar com o vôo da gaivota,
da águia, do condor e do gavião,
da asa branca, do urubu ou do avião.
Asa da perdiz, do pensamento e do vento.
Pegar uma rota certeira, fechar os olhos e partir,
abraçado ao vôo do tempo.

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domingo, 24 de julho de 2011

Chuva

Autor: Laércio Lins


Nuvem cobrindo as estrelas, escurece o céu pra chover.
Na secura da terra, gotas d água são abraços
mudando a paisagem, acabando a estiagem.

Chão seco, agora molhado,
chuva baixando a poeira,
chuva apagando a fogueira,
chuva lavando a poesia.
chuva escorrendo na face
chuva esfriando o cansaço

Chão seco, agora encharcado,
pensamento novo, molhado. Raios e trovões,
sentimento confuso entre a seca e estiagem.
Inerte palma, cacto, planta,
enquanto a alma se espanta
a poesia acalanta,
meu coração se encanta
contemplando este chover.

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quinta-feira, 14 de julho de 2011

Há uma Fênix em cada um de nós

Autor: Laércio Lins


O homem sempre esteve e estará procurando a felicidade. Os povos antigos o fizeram através da mitologia buscando explicações para seus enigmas e suas dúvidas. Houveram guerras, tempestades e furacões, no entanto, o alvo sempre foi ser feliz.

Buscamos a novidade, construímos nossos castelos, nossos fantasmas e nossos heróis, buscamos o equilíbrio e o bem estar. Viveremos erros e acertos e o tempo contará nossa história enquanto existi arte, ciência e o sentimento de esperança, Pandora, quando abriu sua caixa, plantou este sentimento em nós.

A energia do fogo trazido à humanidade por Minerva, deusa da sabedoria e das artes e por Prometeu, que se tornou símbolo da força de vontade e da resistência à opressão, devido aos castigos, aos quais, foi submetido por Júpiter o rei dos deuses, nos mantém aquecidos para o próximo jogo, para o próximo passo e para a próxima dança.

A mitologia, assim como a filosofia, trazia aos gregos na antigüidade, explicações para tudo que não fosse exato, o pensamento pagão era fundamentado nas ações dos deuses e dos mitos. Cada deus era um especialista. Minerva, deusa da sabedoria e das artes, era a explicação para a sensibilidade e aptidão para as manifestações artísticas e filosóficas. O deus Netuno, explicava a fúria da natureza e os fenômenos relativos à água, trovões, tempestades, furacões e inundações. Essa maneira de crer nos deuses e mitos proporcionava explicações para o surgimento do universo e da humanidade Cada mito levava em sua história uma ação que explicasse um sentimento. Entre eles, a Fênix, um pássaro que, segundo a crença dos antigos povos, se auto extinguia em chamas a cada 500 anos de vida e logo após ressurgia das próprias cinzas, continua nos ensinando o sentimento de recomeçar e de ressurgir diante das adversidades, às quais, a vida nos submete.

Da dúvida, da perseverança e da paixão pelo saber surgiu a ciência. De idéias simples surgiram grandes descobertas e as grandes invenções. O treinamento e a insistência de um atleta, na busca pela perfeição, resulta na conquista de uma medalha ou de um novo recorde. Antes de disparar sua flecha, um arqueiro planeja a trajetória da seta, considerando as influências do vento e a distância até o alvo, esta ação amplia as possibilidades de atingir o objetivo. Estes exemplos nos estimular na luta por nossos metas e nossos sonhos.
A cada manhã, acordamos e nos abrimos às novidades de mais um dia, ressurgimos através de decisões e escolhas que nos permitem continuar buscando novas oportunidades.

Enquanto profissionais nos abrimos ao direito de continuar construindo, inovando e criando. Enquanto homens e mulheres, nos permitimos às descobertas e ao auto conhecimento em um processo de melhoria continua e crescimento interior.

Há uma Fênix em cada um de nós, precisamos alimentar este pássaro forte que nos permite voar para novas jornadas e novos cenários, que nos conduz a novas descobertas e novas realizações. Em nossas vidas há espaço para a razão e para a emoção, para o empirismo e para a teoria, para a prática e para a técnica, para o drama e para a comédia, tudo isto nos completa. Em cada um de nós habita a certeza de que, a cada manhã renascemos para o próximo ato nesse lindo teatro chamado terra onde encenamos uma magnifica peça teatral chamada vida.

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terça-feira, 12 de julho de 2011

Cegueira e visão

Autor: Laércio Lins

A beleza, a verdade e a liberdade são escolhas, estão no olhar de quem vê e no coração de quem sente.


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sexta-feira, 8 de julho de 2011

Infância


Autor: Laércio Lins (Texto e gravura)


Um mundo, um jardim.
Músicas dos sinos da igreja
e cheiros dos canaviais.
Festa, um show, a luz do sol sobre a praça.
Nova era, outra era, outra esfera.
A diferença entre a rosa e a flor.
O encanto era vento, sopro que me transformou.
Um espaço, hora tempo, entre olá e alô.
Paz e às vezes medo do fim do mundo descrito por meu avô.
O futuro era um lugar onde existiam telefones sem fio.
Tudo preto no branco. Em outras horas, cor.
Giz, pincéis, carvão, lápis de cor
Lindas telas, o artista, a escultura. Artes e o pintor.
No quintal fauna, flora, espinho, mato e flor.
Entre peixes, entre rios, entre serras.
Meu amor era de pedra e depois desabou,
se fez ar e voou na fantasia da namorada que inventei.
Açúcar na usina, mel.
A palavra e o silêncio, brincadeiras, correrias na rua,
“Passarás,” “Pega soltou,” “Rouba bandeira” e “Garrafão.”
Bola de gude e pião.
Gastronomia de reis e rainhas: Quebra-queixo, bolo, picolé e pirulito,
Arma pra todas as guerras: Boné, estilingue e apito.
Far West, cenário de um cavalo de vassoura.
Noites de estrelas, vagalumes e contos de assombração.
Lendas do castelo encantado da Serra da Prata.
Universo de meu sonho real de menino.
Tempo, um templo que me transformou no que sou.


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quinta-feira, 7 de julho de 2011

O escultor

Autor: Laércio Lins


Até as pedras aceitam novas modelagens. Nossa transformação depende de nós, somos escultores de nossa vida, que pode se transformar em uma obra de arte ou em algo insignificante.

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Estrela do barro

Autor: Laércio Lins


Estrela do barro, sonho Vitalino.*
Paisagem de sol de um sonho menino.
Princesa agreste, alegria na feira,
um pífano, um som, vegetação rasteira.
Estrela de couro das mãos artesãs,
arreios de prata pangarés e alazãs.
Bonecos de barro, argila queimada,
ferro, fogo, aço, madeira pintada.

Na feira histórias, sonhos nordestinos,
do barro esperança no olhar do menino,
Uma mãe, filhos e um destino.
olhando a vida das filhas
vestidas em roupas de chita.
A Igreja e o som do sino

Vitalino, argila, viagem,
a cidade, os meninos, o encanto a paisagem.
Vitalino, o milagre.
O sopro no barro e outra vida se abre.
Personagens, Lampião e o cangaço,
Retirantes na rima, na prosa e poesia,
O abraço, o prumo, o rumo e o cansaço.
Encontro e partida em outro verso que faço.
Terra, mãe do barro, que guia os filhos em seus passos.


(*) Mestre Vitalino (1909-1963) – Artesão que representou personagens e costumes do sertão e agreste nordestino brasileiro através de bonecos moldados com barro.

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terça-feira, 21 de junho de 2011

A cidade


Autor: Laércio Lins (Texto e gravura)


A noite dorme e a manhã acorda, durante o dia cansaço e trabalho.
A noite calada a refletir enquanto as luminárias dos postes iluminam os olhares das casas e edifícios.
Trens, metrôs, carros, motos, livros, cadernos, computadores e papéis. O dia nem sempre almoça, a noite nem sempre janta. A tarde canta e a madrugada dança.
O tempo encurta e o calor agita. Espera e se encontra, se expande e se encolhe.
Gatos de rua sem companhia, cães latindo nas favelas nuas, criança sorrindo em brincadeiras de rua.
Casais namorados e flores. O estresse, a loucura, o mendigo, a droga, a cola e o menino.
Os sentidos se ajustam à música do tempo, cada recanto e cada momento com sua trilha sonora.
O cego enxerga o barulho do vento enquanto ninguém o vê.
Antagônicos sentimentos se misturam pela busca, por metas e por dias melhores.
A cidade é tão grande quanto pequena, tão rica quanto pobre.
No semáforo, a menina vende chicletes. Longas avenidas se escondem nas esquinas.

As pontes às vezes me levam para lugar nenhum.
Arranha-céus. A língua arranha o céu de minha boca, mas, não cala minha voz.
Os olhares nas fotografias revelam folguedos, carnavais e folias. Revelam segredos, carências e magias. A cidade tem encantos e segredos a revelar: O cais do porto, o cais dos rios e o cais das pessoas.
Revistas, novelas e jornais são “fofocas” oficiais.
Pausa pra um café.
Pausa pra o intervalo comercial.

terça-feira, 14 de junho de 2011

A beleza essencial

Autor: Laércio Lins


Há pessoas que falam frases bonitas mesmo quando estão em silêncio. Acredito que a essência se reflete na expressão, há fisionomias que fazem bem a quem olha. Não se trata de padrões de beleza ditada por tendências de moda. Alguns classificam de carisma ou simpatia a raridade do equilíbrio entre o olhar e o sorriso dizendo a mesma coisa. A beleza não é exata, a fotografia pode não representar a mesma leveza que o objeto ou pessoa tem em movimento, os fotógrafos sabem disso tecnicamente. A imagem tem brilho natural ou não, esse é o diferencial para revelação da beleza.
Também há som no silêncio, para ouvir é preciso ler as palavras que estão nas entrelinhas, neste momento a arte e a ciência se aliam em prol da poesia ou de um motivo. Revelam o conjunto da obra, criam e materializam a abstração, dessa reação surge a beleza da alma como um amanhecer.



Razão: www.laerciolins.blogspot.com.br
Emoção: www.aostraeaperola.blogspot.com.br

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Quero vir, quero ir

Autor: Laércio Lins


Não quero apenas ouvir a história, quero fazer parte dela.
Não quero mudar o cheiro da flor, quero sentir seu perfume.
Não quero só a boca, quero o beijo moldado pela paixão.
Quero a voz transformando o som e a língua esculpindo a palavra. Quero corpo e alma.
Não apenas olhos. Procuro o brilho do olhar, os gestos e a linguagem revelada.
Não quero quebrar o encanto, quero descansar no colo da fada.
Não vou revelar a magia, quero o coelho da cartola, a carta da manga que surgiu do nada, a pombinha que surgiu do lenço e voou alto, além do pensamento.
O vento em meu rosto é brisa, é bom voar como um pássaro.
Não apenas um pedaço, um laço, um traço.
Quero inteiro, passo a passo, por pés que me façam dançar.
Quero a canção que me faça cantar.
Quero a cama o sono e o sonho, descansar e acordar.
Amanhecer, entardecer e anoitecer.
De quando em vez sonhar acordado, é preciso pra viver.
Não quero apenas a saudade, quero também o encontro e o abraço.
Quero a razão sem me perder da emoção.
Não quero apenas o recomeço, quero o renascimento da fênix.
Não quero apenas o alvo, quero a flecha no centro.
Os desejos moram na irreverência da juventude.
Quero preservar a irreverência vestindo-a com a roupa da maturidade que surge com o passar dos anos.
Alguns amadurecem outros apodrecem com o tempo, essa é a diferença entre o sábio e o bobo da corte.
Não quero só a lógica. Preciso também do ócio criativo. Sair da caverna e subir em milhares de torres pra ampliar a visão e aprender a voar com os pés no chão.
A dor da queda é trocada pela certeza de levantar novamente e seguir. Quero quase nada.
Não quero mudar os caminhos, quero pés firmes na estrada com sentido e direção.
Quero vir, quero ir.



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sábado, 28 de maio de 2011

Eterno, simplesmente

Autor: Laércio Lins


Eterno é o hoje, o agora. Eternos, hoje somos até quando durar nossa eternidade. O encontro na comédia de Dante ou na poesia de Cervantes, parte deste eterno, meu paraíso, meu inferno.
Eterno é o momento, o finito, o segundo, o minuto, a hora.
Eterno é o momento em sua plenitude, envelhecer com eterna juventude, beber na fonte da vida cada gota do inverno, ficar úmido e brotar flores e frutos.
Ser eterno é descansar em pensamentos, filosofar sentimentos e coisas que fluem, se olhar e se ver no velho e no novo, contemplar a natureza na perfeição da casca do ovo e respirar cheiros eternos: Erva doce, cravo, canela, mel e limão, água límpida na nascente do rio lavando a vida como reza.
Amar a Pablo Neruda e Vinícius de Moraes. Ser eterno, ser eterno.
Viver um sonho em um livro, aprender novas idéias, enternecer, adormecer e acordar. Ir à guerra quando for preciso, descansar em paz por que é preciso levantar e caminhar em direção ao sol, como um girassol.
Ser eterno na língua de Camões ou nas melodias de Carlos Gomes, eternamente raízes, nossas raízes lusitanas, nossas mães e pais.
No amor tranqüilo e na inquietude das paixões da tragédia Shakespeariana. Eternamente eterna a inspiração do poeta, minha inspiração. Beber a poesia como o néctar da sofisticada simplicidade. Eterno é fazer da poesia uma oração a Deus.
Aquecer o coração protegendo os sentimentos, banhar a alma em neve, conservando-a terna, a alma é eterna e descansa na relva da inspiração trazida por um motivo; no nascimento de um poema novo, a promover o próprio nascimento se fazendo eterno.



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segunda-feira, 16 de maio de 2011

Luar

Autor: Laércio Lins


Lua, ponto de encontro
para quem anda distante.
Visão biruta do Biruta bar.
Pina, saudade de Olinda,
O mar de Recife é o mesmo de lá.
Lá onde anda a menina do frevo,
Do som Capiba, Pernambuco.
Senzalas, sentimentos escravos, mamelucos.
Gilberto Freire, visão Mucambos.
A ponte, os rios de João Cabral,
Trinta copos de shopp a Carlos Pena.
Sá Grama, Recife Armorial,
Ariano ninando a poesia.
Uma estrela rupestre me acende,
meu pensamento ferve.
È noite em meu sentimento que amanhece.

Lua, adereço noturno,
traz ao meu peito frio, danças do mar,
cantos em ondas, balanço do maracatu Estrela Brilhante
Peixes, jangadas, navios, espuma, ciranda.
Musa sereia,
“A bela da tarde” da praia de Boa Viagem a sorrir
do Homem da Meia Noite.
Visão Biruta numa noite ao meio dia
Ciranda da vida, girando no ar,
Frevo que liberta a tristeza em três dias.
Ondas do mar da Ciranda de Lia.


Homenagem aos poetas pernambucanos Carlos Pena Filho (1929-1960), João Cabral de Melo Neto (1920-1999), o movimento armorial de Ariano Suassuna, Capiba (1904-1997), Gilberto freire (1900-1987) e a Lia de Itamaracá, rainda da ciranda.


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sábado, 7 de maio de 2011

Fonte de Luz

Autor: Laércio Lins


A estrada sob os pés se alegra ao sentir alguém que conhece o destino e sabe que sua missão é conduzir. Alguém que conhece o caminho para uma estrela através da luz que se acende no parto, início da caminhada pela estrada mãe.
Fonte de brilho e sabedoria a tecer caminhos filhos.
Estrada de terra, abrigo no peito lacto a forjar homens e mulheres.
Mulher de muitos sentidos a pintar o arco-íris com novas cores, cada cor para cada filho para quem conta histórias, inventa amores, lições, afagos e carinhos.
Estrada vida, tempo de verso sem rima, verbo de rima sem tempo.
Vida que brota do ventre, vida que sopra com o vento.
Mãe de todos os filhos ou simplesmente Mãe.


Parabéns a todas as mães por tornarem possível a humanidade. Salve 08.05.2011


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sexta-feira, 15 de abril de 2011

Poema pensado

Autor: Laércio Lins

As possibilidades moram nas entrelinhas, o pensamento é muito mais rápido que a palavra escrita ou falada... Esta frase está em um texto meu que jamais escreverei, trata de um poema pensado, fruto das entrelinhas e por isso não apareceria no papel. Trata-se de um poema guardado na solidão de uma folha em branco, não pode ser lido, apenas sentido.



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terça-feira, 12 de abril de 2011

Otimismo

Autor: Laércio Lins

Não é por acaso, nada é por acaso. Olhe bem a bela obra da natureza que é você, se locomove, respira, fala, pensa e vê. Uma obra de arte viva que sente e transforma.
Se estiver triste por algo que não aconteceu como você esperava, lembre que tens amigos, família e a cama quentinha no final do dia. De manhã o sol sorrir pra você e também não é por acaso, você já pensou que pode ser para iluminar sua cabeça e criar saídas para aquele problema que insiste em te preocupar?
Os dias se repetem trazendo de presente 86400 segundos de crédito para todos nós. Oportunidade para corrigir os erros e tentar outra vez, oportunidade também para repetir os acertos. Esqueça as mágoas, as angustias e o pessimismo, estes sentimentos só liberam toxinas e substâncias nocivas à saúde. Abra alas para o otimismo.
Se estiver alegre, amplie, não economize sorriso, contagie as pessoas que estiverem perto de você, deseje um “bom dia” com toda sua energia, essa atitude pode mudar para melhor a vida de alguém. Olhe nos olhos, escute. Ser feliz é uma questão de escolha.


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segunda-feira, 4 de abril de 2011

olhar e Ver, verdades e Verdades

Autor: Laércio Lins


O tempo parece girar mais rápido, parece não ser suficiente. Há muito tempo assisto televisão, outro dia consegui “ver” televisão, talvez por obra e graça de uma taça de vinho. Quase nada do que vejo lá é real, programas de designer e efeitos especiais em tudo, carros que voam e sentem desejo por determinada marca de combustível, refrigerantes que fazem voar ou dão asas, imagens mixadas e sobrepostas, detergente cujo cheiro, põe qualquer ambiente com cheiro de paraíso, pessoas descartadas por não ter “mil e uma utilidade." Temos comprado um mundo cada dia mais irreal. Até batatas! Existe batatas com sabor de tudo, exceto de batatas.

Adoro evolução, tecnologia e inovação, mas, está demais, tem coisas que não precisam ser reinventadas, há um tempo só tenho bebido água com sabor limão, uva ou maçã, esqueci que a água pura serve pra saciar a sede e me peguei dizendo que não gosto de beber água, preciso reaprender as utilidades e efeitos da água.

Pra quem não gosta de bebida alcóolica existe umas bebidas bem suaves e com títulos refrescantes, quase água, apenas 5% de teor alcóolico, é como se alguém quisesse dizer: essa é tranquila, vicia só um pouquinho e você fica na moda na “balada.”

Outro dia fui a um show e me emocionei com um solo de bateria na abertura. Me decepcionei quando a nuvem de fumaça dissipou no ar, o baterista se atrasou e o solo iniciou primeiro. Olhei em volta e a esta altura já havia pessoas extasiados, em transe com o som. Se eu quisesse gravação ficaria em casa ouvindo CD. Pra completar minha decepção, a voz e harmonia, durante muitos anos degustada em CD ou DVD, do grupo de sucesso internacional, parecia um show de calouros quando a banda arriscava algum número ao vivo.

Lendo “o mito da caverna” descobri que cada um tem sua verdade. Hoje vejo estas referências sendo desintegradas e reinventadas, trocadas por imagens e sons que enchem de lixo virtual, meu computador e minha cabeça.
Tenho tentado perceber as coisas com mais clareza, é preciso identificar os enganos. Somos apenas mais um planeta ou estrela a girar no universo, ser diferente é assumir o próprio papel, é segregar o joio do trigo, (outro pensamento antigo). Para atrair o equilíbrio precisamos seguir as leis naturais e isso fará a diferença.

Não é preciso ser do contra, mas, é preciso ser críticos pra não engolir qualquer coisa. Quem engole qualquer coisa, depois precisa “pagar” mil abdominais por dia ou se submeter a lipoaspiração pra virar “tanquinho.” Uma conversa puxa outra, depois continuo...

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terça-feira, 22 de março de 2011

Tempos modernos

Autor: Laércio Lins


Sabemos que a correria é grande, a tecnologia é veloz, mas, a atenção e os sentimentos humanos não mudam, desde a criação.
O silêncio distancia as pessoas e os caminhos se desencontram. Alguns simples telefonemas no meio do dia podem salvar relações, a máxima “não tive tempo” parece gravação de sucesso na boca do povo. Pena saber que há tanta tecnologia disponível e que a maioria das pessoas não sabe ou não quer tirar proveito para encurtar distâncias.
Pessoas mergulham em solidão diante de centenas de amigos na tela do computador. De site em site, na maioria das vezes sem saber o que procuram, acreditam navegar em um mar de informações e se sentem donos da sabedoria e do poder. É a mesma ansiedade de entrar numa livraria e achar que tem o conhecimento de todos os livros, ao mesmo tempo que não consegui concentração para ler uma única frase.
Tudo é muito novo, tudo aconteceu muito rápido, pensar que não se vive mais sem telefone celular ou sem internet me deixa inseguro, há crianças no Japão reaprendendo escrever por que só sabem teclar.
Lembro quando eu era criança e meu pai me deu uma calculadora eletrônica, o evento causou rebuliço na vizinhança, isso não faz muito tempo e hoje a velha calculadora é avó do computador, peça de museu.
Tenho esperança de que chegará o dia em que o ser humano descobrirá como usou errado os recursos disponíveis, nesse dia a tecnologia passará a unir pessoas e não para afastar, servirá para curar e não para ferir. Quando esse dia chegar a tecnologia trabalhará por nós e sobrará tempo pra convivência, para os encontros, para a conversa frente a frente e para o abraço. Será revalidado o prazer de falar para a mulher ou marido, namorada ou namorado, amiga ou amigo, filhos e irmãos a frase “Eu te amo,” com a boca e os olhos dizendo a mesma coisa, aí sim, estaremos entrando em um mundo civilizado e vivendo tempos modernos.

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quarta-feira, 16 de março de 2011

A Poesia

Autor: Laércio Lins

O que é isso?
Esse universo será o ar? Ou água?
O que é isso?
Esta beleza será flor?
Ou uma folha planando seca ao vento?
O que será?
Água de coco? Mel de abelhas?
Não deve ser.
Tem cheiro seco de sândalo
e brilho de purpurina.
Às vezes mistério, misto de sensações,
sentimentos de paz e guerra,
mistura de mulher e menina.
Às vezes bruxa, duende, em outras horas fada-madrinha.
Não deve ser uma pedra, muito menos um metal,
tem a luz dos vaga-lumes, piscando no pensamento,
tem o vôo das gaivotas, viajando céu a dentro.
Flui leve qual gota d água,
flui morna tal uma lágrima.

O que é isso? um furacão?
Acho que não.
Tem o silêncio das larvas que escorrem de um vulcão,
os sentidos do samurai e a inquietude da procura.
Poderia ser a chuva abraçada à ventania,
Ou o encontro entre a noite e o dia
ou simplesmente orvalho ao amanhecer.
Poderia ser a lua ou desabrochar de primavera,
anunciação de chuva, abertura, recomeço, sinais de uma nova era.
Poderia ser açúcar, sal, pimenta, todo tempero,
poderia ser motivo, razão ou mesmo um cheiro,
mas, tudo seria pouco para definir, com certeza, esta obra,
que assume forma de poema e prosa com a mesma sutileza
que se transforma em pintura, e dá vida a uma tela.
Explicação? Não há. Simplesmente poesia.

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terça-feira, 8 de março de 2011

8 de março


Autor: Laércio Lins (Texto e gravura)

Que tua força e encanto sejam eternos
e tua bravura sempre terna.
Que teus pés tracem teus caminhos
em teus verões ou invernos.
Que tenhas agasalhos quando há frio,
que encontres sempre o ombro amigo,
que tuas lágrimas sejam de alegria,
que amanheças a cada dia.
E cada dia seja teu dia, não só hoje.
Por que és fonte de vida e levas em ti o amor mais puro.
Que surjam vitórias de tuas guerras, grande guerreira.
Por que és MULHER !!!

Salve 8 de março, dia internacional da mulher

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Máscaras

Autor: Laércio Lins

A vida são máscaras. No teatro a lágrima e o riso, na vida a fantasia conta histórias reais.
Adolescentes se enfeitam, raspam a cabeça e são “Ronaldos”. Mulheres se enfeitam e se pintam.
Personagens. Atores, poetas e artistas explicam o inexplicável. A máscara do super-herói ou a máscara e a marca do Zorro na tela. Pintura, a máscara da aquarela, enquanto nos bares e nas ruas a vida flui como um rio.
Máscaras surrealistas de Dali distorcendo o tempo. Máscaras de Da Vince no sorriso sarcástico e irônico de Monalisa, máscaras de um preso na cela no enredo da novela.
Os loucos se confraternizam em suas camisas-de-força abraçados ao próprio corpo a espera de raios e trovões. Sob o céu escaldante e sobre o chão seco e rachado o sertanejo sofre a máscara sub humana da estiagem apegado à fé sobrenatural.
Folias nas máscaras natalescas e carnavalinas, máscaras revelando as fantasias. Máscaras doces do mel da usina ou salgadas como as salinas.
Os Homens fluem em mares de descobertas à procura de novidades que expliquem coisas antigas. Filosofia, história e ciência, máscaras da arte. Máscaras dos sistemas, a parte no todo e o todo na parte.
A vida são máscaras que se revelam a cada olhar. Na rua, cai a menina na ilusão da máscara da noite sem amanhecer. No circo nasce o riso da máscara do palhaço, cai no conto o feitiço das bruxas e surge das fadas a máscara do encanto. O beijo é a máscara do desejo
Da voz nasce a palavra, o grito e o espanto que se transformam em máscaras do medo. O silêncio é a máscara do segredo.
Olhar e não ver, a cegueira é a máscara da visão, prima e irmã da escuridão. A noite é máscara do dia que insiste em apagar a clareza, no entanto, é vencida pela fantasia que revela e cria. A máscara do destino revela o enredo, máscaras do drama e da comédia fechando as cortinas no final do primeiro ato, máscara do conto, da prosa e da poesia.

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sábado, 12 de fevereiro de 2011

Outros caminhos


Autor: Laércio Lins (Texto e gravura)

Construir com as próprias mãos.
Sentir e chorar, ter saudades,
ter coragem, ser suave e cantar.
Enxergar com os próprios olhos,
pegar o fio de uma história,
ter medo, mas ser firme e caminhar.
Seguir com os próprios passos,
ser paciente e esperar.
Ter a certeza do abraço,
querer no outro a si próprio,
brincar, dançar e namorar.
Caminhar com os próprios pés,
sorrir, ser feliz,
ter vontades, motivos e amar.
Descobrir por si próprio,
Ler, escrever, pesquisar
Novos caminhos e estradas,
viver e sonhar.

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quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Olho

Autor: Laércio Lins


Olho que sabe olhar,
olho que sabe ver,
olho que enxerga a luz.
olho que sabe crer,
olho que olha prá dentro,
olho que olha prá fora,
olho que diz,
olho que olha e entende,
olho que manda embora,
olho que ri,
olho que senta e chora.

Olho que despe a alma
olho que perde a calma
olho que foge,
olho que espera,
olho vertente da lágrima
olho nascente do rio, olho d água
olho vivo, olho nú
olho visão, olho vida
olho geleira, olho frio
olho cegueira,
olho que enxerga a clareira.

Olho que abri outras portas,
olho certo em linhas tortas,
olho planta, olho espanto,
olho natureza morta,
olho que brota outro galho,
olho janela do corpo,
olho pai do espinho,
olho nascente da flor,
olho origem do broto
olho calado sozinho
olho início do amor.

Olho assustado, olho medo,
olho de quem parte cedo,
olho sorriso, olho brinquedo.
olho primeiro e segundo,
olho terceiro.
Olho que enxerga fechado,
olho que esquece do tempo,
olho que brinda, que brilha,
olho que sofre calado,
olho que lê outro conto,
olho que sonha acordado.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

O pensamento e a espiral do tempo

Autor: Laércio Lins

Estéticas diferentes e dependentes, complementos em um conjunto perfeito, assim como partida e chegada podem partilhar o mesmo ponto, a sabedoria habita nos caminhos de buscas, descobertas e certeza de que jamais será alcançada em sua plenitude. A conclusão na chegada é apenas ponto de partida para outras procuras. Cada um com sua verdade e a certeza de que nunca chegará à certeza.
O pensamento abre as portas da visão através do olhar e da observação revelando “o mito da caverna” em cada um de nós. A ciência tenta ser exata, no entanto é apenas parte que se complementa com filosofia e arte - O nascer e o por do sol podem ser confundidos numa fotografia, isso não acontece se o observador estiver sentindo a brisa da manhã. O nascer do sol tem cheiro de acordar, de porta aberta, mesmo depois de uma noite sem dormir. O por de sol tem gosto de recolhimento, de cortina fechando, prenúncio de silêncio, algumas flores e plantas se fecham com o por do sol. Momentos que se completam e chamamos de vida, que muitas vezes deixamos passar sem perceber que a teoria só ganha sentido quando se transforma em prática e que a prática se aperfeiçoa, pela repetição, até se transformar em experiência pra virar novamente teoria. O “não” nega o “sim,” mas, o ”sim” também nega o “não” e quem não estiver satisfeito é só pensar ao contrário, é pra isso que serve a liberdade de expressão. Eu, por exemplo, quando folheio um livro ou revista, começo sempre de trás pra frente, talvez por ser canhoto, mas, isso não me traz nenhuma inconveniência.
O universo é um grande liquidificador que nos processa e nos transforma. Hoje líquidos, amanhã sólidos ou gás. Todos os dias renascemos uma volta acima na espiral do tempo.

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segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Parar um pouco

Autor: Laércio Lins


Quero parar um pouco e abrir espaço para a emoção,
Descansar, descer do trem na primeira estação.
Inspirar fundo, para depois me esvaziar
das angustias, ansiedades e preocupações da viagem.

Quero um filme de Chaplin pra não ouvir barulho,
ou uma música suave que liberte meus ouvidos e minha alma.
Um poema de Neruda em uma tarde sem compromisso,
um copo de vinho, ou um café e um pão com manteiga quentinho.

Sentir o sol da manhã, água de coco na praia.
Quero um colo macio, um abraço pra relaxar meu cansaço.
Seguir uma trilha, sem preocupação de atleta,
apenas ouvindo o som do mundo, a voz do vento nas folhas.

Cansei da tensão do goleiro, quero armar uma rede na trave
e sentir o silêncio do campo vazio, emoção, arrepio.
Quero a cena de um beija-flor beijando a flor de plástico,
sugando água com açúcar, porque é doce, por que é mel.

Quero quase nada, apenas um ombro que acolha minha cabeça,
um amor que releve meus defeitos, que me aceite imperfeito.
Quero meu coração batendo no peito com a cadência do meu ritmo,
e que eu me sinta vivo, mesmo em contra-tempo.

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quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

A voz do silêncio

Autor: Laércio Lins

Bebo a palavra, brindo à palavra.
Exposto ao silêncio que fere a palavra,
vivo a palavra, alma da língua,
a morrer de sede, em silêncio, à míngua.

Água palavra nossa de cada dia.
brilho do sol que clareia a areia da praia,
não me falte o encanto, mesmo em silêncio não cale.
Silêncio noturno que apaga a esperança,
não me roube a poesia, por favor cante, diga, fale.

Bebo o silêncio, brindo ao silêncio,
No silêncio que afaga o gesto, vivo.
Vivo o silêncio, alma do pensamento
que se expressa no olhar.
Escuto as palavras que moram nas entrelinhas
Escuto o silêncio que fala.

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terça-feira, 18 de janeiro de 2011

A Árvore Azul

Autor: Laércio Lins

De repente em minha viagem, surge na estrada uma árvore azul entre as árvores de folhagens verdes, como se estivesse me esperando para me dá um recado, era diferente de tudo que eu havia visto.
Estamos acostumados com árvores de várias tonalidades de verde, não com árvores azuis. Aquela árvore me deixou inquieto, emocionado e sem ação, foi pintada por minha filha Luana, há alguns anos, em uma tarefa em sua primeira semana na escola. A “obra de arte” me trouxe uma lição sobre a percepção ativada pela diferença entre olhar e ver.
Árvore azul sim. Por que não? Olhamos tudo a nossa volta, vemos e percebemos o que permite nossas crenças, nossos valores e nossa cultura, é bom que seja assim, estes formatos e modelos mentais nos faz diferentes e únicos, no entanto, nada nos impede de reler o que já está escrito ou definido à procura de outra explicação.
A grande lição que aprendi com árvore azul foi descobrir as possibilidades que estão, muitas vezes, ocultas em coisas que nos parece óbvias e imutáveis. As crianças vivem naturalmente a liberdade do impossível em suas características lúdicas. Voar como Peter Pan em um mundo onde árvores também podem ser azuis é sempre bom, amplia nosso universo e abre portas pra novos caminhos. A árvore azul dá frutos de cores pra pintar a cabeça. Continuo viajando.

P.s. Hoje Luana tem um blog - www.aarvoreazul.blogspot.com , de vez em quando passo lá pra colher alguns frutos.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Simples assim.

Autor: Laércio Lins


As verdadeiras coisas simples são sofisticadas, tem gente que confunde simplicidade com feito de qualquer maneira ou sem qualidade. Um exemplo de simplicidade é o perfume de uma flor, quase imperceptível, no entanto, está na flor, pronto pra ser percebido e sentido.
Tem prato mais simples que feijão com arroz bem branquinho? Gosto dos dois no prato, sem misturar, acompanhados de rodinhas de tomate e alface, nem me lembro de carne, além de simples e nutritivo, é difícil encontrar este prato em restaurantes. Quando vou visitar minha mãe, ligo antes e ela faz como ninguém.
Gosto das manhãs. Acordar cedinho e ver o mundo acordando é impagável. Gosto de músicas cuja harmonia me faz bem. Os clássicos populares ou eruditos tem harmonia quase natural, certo dia ouvi um artista dizer: “Minha música já existia, apenas tive o privilégio de descobrir.”
No quesito música não ligo pra modismo, música é alimento pra alma, a alma precisa de certos acordes como o corpo precisa de vitaminas e proteínas e o coração precisa de ritmo.
Não gosto de Emy Winehouse, nada contra, é apenas questão de gosto. Ela pode ser talentosa e está na moda no Brasil, mas, sua música não me toca, vejo-a como um bichinho no jardim zoológico e milhões de pessoas na expectativa de sua próxima estripulia se sentindo obrigados a gostar pra estar antenados com as “novidades e tendências.” Esta semana uma atriz da Rede Globo falou que adora estas “artistas americanas,” a moça é inglesa.
Gosto da agressividade do rock em alguns momentos, em outros da suavidade da música clássica ou das variações de quaisquer outros estilos. Gosto de pipoca, filme que saiu de cartaz, livros de linguagem simples, dançar, fazer caretas no espelho, brincar de esconde e aparece atrás de uma coluna com minha sobrinha de cinco anos. Gosto de vinho como alimento, não apenas como bebida alcoólica. Gosto do marketing que mostra qualidades, não do marketing que inventa qualidades. Caminhar na praia final de tarde com direito a água de coco depois. As coisas simples não são necessariamente caras, na maioria das vezes custam muito menos valem.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

A Roda Gigante

Autor: Laércio Lins

Certa vez, quando criança, alguém me falou que “a vida é uma roda gigante.” Quando penso nesta frase lembro os parques de diversão de minha infância, com o passar do tempo esta frase foi ganhando outros sentidos em minha vida.
Desde a formação do universo e da criação do tempo, tudo gira. Os planetas, as galáxias e até o próprio tempo contado nos ponteiros do relógio.
Também já ouvi que “a vida é um grande carrossel de oportunidades,” no entanto, prefiro pensar na roda gigante como símbolo, ela é mais completa, além de girar tem momentos de altos e baixos, assim como a nossa vida. Repleto das mais diversas variáveis e ângulos de visão, o grande círculo giratório nos proporciona sentir alegria, emoção, expectativa, medo, insegurança e principalmente a sensação de risco, talvez por isso o fascínio deste brinquedo. Crianças necessitam do risco para descobrir e para crescer, adultos precisam do riscos para se fortalecerem e se sentirem capazes.
Lá fora há guerras entre países e o globo terrestre parece girar mais rápido nos últimos tempos, pode ser só impressão. Independente da velocidade dos acontecimentos, em cada um de nós vive um guerreiro que precisa do risco estratégico para se manter ativo, vivo, criativo e feliz.
A primeira lei de Newton, o princípio da inércia, nos demonstra matematicamente que todo corpo tende a ficar em repouso, desde que nenhuma força (estímulo), a ele seja aplicada. Peço licença à física e a matemática para em lugar do corpo, colocar o homem e em lugar da força, colocar o sentimento de exposição a um risco. Certamente não haveria, como resultante, outra alternativa a não ser o movimento e a busca por novas soluções.
Temos uma tendência à inércia, muitas vezes nos encolhemos deixando a vida para o dia seguinte, inventamos desculpas e medos que na maioria das vezes nem sabemos o motivo. Quando criança, lembro como eu tinha medo de brincar na roda gigante, mas, eu ia e depois me sentia um herói por ter vencido o medo e me exposto ao “risco.”
Estes momentos lúdicos nos ensinam o valor do movimento, da ação e do próximo passo. Olhamos a vida, vivemos a vida, já fazíamos isto quando criança olhando a roda gigante. Os Riscos também alimentam nossos pensamentos, sonhos, desejos e conquistas, pois, nos levam à novidade e estimulam nossas forças.
Ver a vida na barriga arredondada de uma mãe que espera outra vida, que por sua vez vem repleta de outros mundos e de outras oportunidades, nos traz a certeza de que a vida é cíclica. A transformação do corpo, causada pela gestação, pode fazer a mãe se sentir mais feia ou mais bonita, no entanto, a única certeza é a continuação da vida que se inicia após os riscos do parto.
A roda gigante não para, o parque de diversões muda de lugar e as viagens entre cidades são os intervalos entre as subidas e decidas da grande roda giratória.
Ano a ano a vida nos conta histórias, nos coloca em situações adversas, nos pega pela mão e nos leva à roda gigante, nos expondo a riscos em um processo natural de transformação. Os riscos e as descobertas são as forças que nos impulsionam em direção à realização de nossos projetos. Certamente arriscar de maneira consciente, usando o bom senso, nos submete a uma balança de perdas e ganhos, da qual, no mínimo saímos com a sensação de dever cumprido por ter tentado e com o sentimento de que somos capazes de seguir nossos sonhos.
Riscos e desafios são portas para infinitas possibilidades, devemos abrir estas portas ou jamais saberemos se há um dia de chuva ou de sol lá fora que nos permita uma boa e divertida volta na roda gigante.

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