quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

O pensamento e a espiral do tempo

Autor: Laércio Lins

Estéticas diferentes e dependentes, complementos em um conjunto perfeito, assim como partida e chegada podem partilhar o mesmo ponto, a sabedoria habita nos caminhos de buscas, descobertas e certeza de que jamais será alcançada em sua plenitude. A conclusão na chegada é apenas ponto de partida para outras procuras. Cada um com sua verdade e a certeza de que nunca chegará à certeza.
O pensamento abre as portas da visão através do olhar e da observação revelando “o mito da caverna” em cada um de nós. A ciência tenta ser exata, no entanto é apenas parte que se complementa com filosofia e arte - O nascer e o por do sol podem ser confundidos numa fotografia, isso não acontece se o observador estiver sentindo a brisa da manhã. O nascer do sol tem cheiro de acordar, de porta aberta, mesmo depois de uma noite sem dormir. O por de sol tem gosto de recolhimento, de cortina fechando, prenúncio de silêncio, algumas flores e plantas se fecham com o por do sol. Momentos que se completam e chamamos de vida, que muitas vezes deixamos passar sem perceber que a teoria só ganha sentido quando se transforma em prática e que a prática se aperfeiçoa, pela repetição, até se transformar em experiência pra virar novamente teoria. O “não” nega o “sim,” mas, o ”sim” também nega o “não” e quem não estiver satisfeito é só pensar ao contrário, é pra isso que serve a liberdade de expressão. Eu, por exemplo, quando folheio um livro ou revista, começo sempre de trás pra frente, talvez por ser canhoto, mas, isso não me traz nenhuma inconveniência.
O universo é um grande liquidificador que nos processa e nos transforma. Hoje líquidos, amanhã sólidos ou gás. Todos os dias renascemos uma volta acima na espiral do tempo.

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segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Parar um pouco

Autor: Laércio Lins


Quero parar um pouco e abrir espaço para a emoção,
Descansar, descer do trem na primeira estação.
Inspirar fundo, para depois me esvaziar
das angustias, ansiedades e preocupações da viagem.

Quero um filme de Chaplin pra não ouvir barulho,
ou uma música suave que liberte meus ouvidos e minha alma.
Um poema de Neruda em uma tarde sem compromisso,
um copo de vinho, ou um café e um pão com manteiga quentinho.

Sentir o sol da manhã, água de coco na praia.
Quero um colo macio, um abraço pra relaxar meu cansaço.
Seguir uma trilha, sem preocupação de atleta,
apenas ouvindo o som do mundo, a voz do vento nas folhas.

Cansei da tensão do goleiro, quero armar uma rede na trave
e sentir o silêncio do campo vazio, emoção, arrepio.
Quero a cena de um beija-flor beijando a flor de plástico,
sugando água com açúcar, porque é doce, por que é mel.

Quero quase nada, apenas um ombro que acolha minha cabeça,
um amor que releve meus defeitos, que me aceite imperfeito.
Quero meu coração batendo no peito com a cadência do meu ritmo,
e que eu me sinta vivo, mesmo em contra-tempo.

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quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

A voz do silêncio

Autor: Laércio Lins

Bebo a palavra, brindo à palavra.
Exposto ao silêncio que fere a palavra,
vivo a palavra, alma da língua,
a morrer de sede, em silêncio, à míngua.

Água palavra nossa de cada dia.
brilho do sol que clareia a areia da praia,
não me falte o encanto, mesmo em silêncio não cale.
Silêncio noturno que apaga a esperança,
não me roube a poesia, por favor cante, diga, fale.

Bebo o silêncio, brindo ao silêncio,
No silêncio que afaga o gesto, vivo.
Vivo o silêncio, alma do pensamento
que se expressa no olhar.
Escuto as palavras que moram nas entrelinhas
Escuto o silêncio que fala.

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terça-feira, 18 de janeiro de 2011

A Árvore Azul

Autor: Laércio Lins

De repente em minha viagem, surge na estrada uma árvore azul entre as árvores de folhagens verdes, como se estivesse me esperando para me dá um recado, era diferente de tudo que eu havia visto.
Estamos acostumados com árvores de várias tonalidades de verde, não com árvores azuis. Aquela árvore me deixou inquieto, emocionado e sem ação, foi pintada por minha filha Luana, há alguns anos, em uma tarefa em sua primeira semana na escola. A “obra de arte” me trouxe uma lição sobre a percepção ativada pela diferença entre olhar e ver.
Árvore azul sim. Por que não? Olhamos tudo a nossa volta, vemos e percebemos o que permite nossas crenças, nossos valores e nossa cultura, é bom que seja assim, estes formatos e modelos mentais nos faz diferentes e únicos, no entanto, nada nos impede de reler o que já está escrito ou definido à procura de outra explicação.
A grande lição que aprendi com árvore azul foi descobrir as possibilidades que estão, muitas vezes, ocultas em coisas que nos parece óbvias e imutáveis. As crianças vivem naturalmente a liberdade do impossível em suas características lúdicas. Voar como Peter Pan em um mundo onde árvores também podem ser azuis é sempre bom, amplia nosso universo e abre portas pra novos caminhos. A árvore azul dá frutos de cores pra pintar a cabeça. Continuo viajando.

P.s. Hoje Luana tem um blog - www.aarvoreazul.blogspot.com , de vez em quando passo lá pra colher alguns frutos.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Simples assim.

Autor: Laércio Lins


As verdadeiras coisas simples são sofisticadas, tem gente que confunde simplicidade com feito de qualquer maneira ou sem qualidade. Um exemplo de simplicidade é o perfume de uma flor, quase imperceptível, no entanto, está na flor, pronto pra ser percebido e sentido.
Tem prato mais simples que feijão com arroz bem branquinho? Gosto dos dois no prato, sem misturar, acompanhados de rodinhas de tomate e alface, nem me lembro de carne, além de simples e nutritivo, é difícil encontrar este prato em restaurantes. Quando vou visitar minha mãe, ligo antes e ela faz como ninguém.
Gosto das manhãs. Acordar cedinho e ver o mundo acordando é impagável. Gosto de músicas cuja harmonia me faz bem. Os clássicos populares ou eruditos tem harmonia quase natural, certo dia ouvi um artista dizer: “Minha música já existia, apenas tive o privilégio de descobrir.”
No quesito música não ligo pra modismo, música é alimento pra alma, a alma precisa de certos acordes como o corpo precisa de vitaminas e proteínas e o coração precisa de ritmo.
Não gosto de Emy Winehouse, nada contra, é apenas questão de gosto. Ela pode ser talentosa e está na moda no Brasil, mas, sua música não me toca, vejo-a como um bichinho no jardim zoológico e milhões de pessoas na expectativa de sua próxima estripulia se sentindo obrigados a gostar pra estar antenados com as “novidades e tendências.” Esta semana uma atriz da Rede Globo falou que adora estas “artistas americanas,” a moça é inglesa.
Gosto da agressividade do rock em alguns momentos, em outros da suavidade da música clássica ou das variações de quaisquer outros estilos. Gosto de pipoca, filme que saiu de cartaz, livros de linguagem simples, dançar, fazer caretas no espelho, brincar de esconde e aparece atrás de uma coluna com minha sobrinha de cinco anos. Gosto de vinho como alimento, não apenas como bebida alcoólica. Gosto do marketing que mostra qualidades, não do marketing que inventa qualidades. Caminhar na praia final de tarde com direito a água de coco depois. As coisas simples não são necessariamente caras, na maioria das vezes custam muito menos valem.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

A Roda Gigante

Autor: Laércio Lins

Certa vez, quando criança, alguém me falou que “a vida é uma roda gigante.” Quando penso nesta frase lembro os parques de diversão de minha infância, com o passar do tempo esta frase foi ganhando outros sentidos em minha vida.
Desde a formação do universo e da criação do tempo, tudo gira. Os planetas, as galáxias e até o próprio tempo contado nos ponteiros do relógio.
Também já ouvi que “a vida é um grande carrossel de oportunidades,” no entanto, prefiro pensar na roda gigante como símbolo, ela é mais completa, além de girar tem momentos de altos e baixos, assim como a nossa vida. Repleto das mais diversas variáveis e ângulos de visão, o grande círculo giratório nos proporciona sentir alegria, emoção, expectativa, medo, insegurança e principalmente a sensação de risco, talvez por isso o fascínio deste brinquedo. Crianças necessitam do risco para descobrir e para crescer, adultos precisam do riscos para se fortalecerem e se sentirem capazes.
Lá fora há guerras entre países e o globo terrestre parece girar mais rápido nos últimos tempos, pode ser só impressão. Independente da velocidade dos acontecimentos, em cada um de nós vive um guerreiro que precisa do risco estratégico para se manter ativo, vivo, criativo e feliz.
A primeira lei de Newton, o princípio da inércia, nos demonstra matematicamente que todo corpo tende a ficar em repouso, desde que nenhuma força (estímulo), a ele seja aplicada. Peço licença à física e a matemática para em lugar do corpo, colocar o homem e em lugar da força, colocar o sentimento de exposição a um risco. Certamente não haveria, como resultante, outra alternativa a não ser o movimento e a busca por novas soluções.
Temos uma tendência à inércia, muitas vezes nos encolhemos deixando a vida para o dia seguinte, inventamos desculpas e medos que na maioria das vezes nem sabemos o motivo. Quando criança, lembro como eu tinha medo de brincar na roda gigante, mas, eu ia e depois me sentia um herói por ter vencido o medo e me exposto ao “risco.”
Estes momentos lúdicos nos ensinam o valor do movimento, da ação e do próximo passo. Olhamos a vida, vivemos a vida, já fazíamos isto quando criança olhando a roda gigante. Os Riscos também alimentam nossos pensamentos, sonhos, desejos e conquistas, pois, nos levam à novidade e estimulam nossas forças.
Ver a vida na barriga arredondada de uma mãe que espera outra vida, que por sua vez vem repleta de outros mundos e de outras oportunidades, nos traz a certeza de que a vida é cíclica. A transformação do corpo, causada pela gestação, pode fazer a mãe se sentir mais feia ou mais bonita, no entanto, a única certeza é a continuação da vida que se inicia após os riscos do parto.
A roda gigante não para, o parque de diversões muda de lugar e as viagens entre cidades são os intervalos entre as subidas e decidas da grande roda giratória.
Ano a ano a vida nos conta histórias, nos coloca em situações adversas, nos pega pela mão e nos leva à roda gigante, nos expondo a riscos em um processo natural de transformação. Os riscos e as descobertas são as forças que nos impulsionam em direção à realização de nossos projetos. Certamente arriscar de maneira consciente, usando o bom senso, nos submete a uma balança de perdas e ganhos, da qual, no mínimo saímos com a sensação de dever cumprido por ter tentado e com o sentimento de que somos capazes de seguir nossos sonhos.
Riscos e desafios são portas para infinitas possibilidades, devemos abrir estas portas ou jamais saberemos se há um dia de chuva ou de sol lá fora que nos permita uma boa e divertida volta na roda gigante.

Razão: www.laerciolins.blogspot.com.br
Emoção: www.aostrae´perola.blogspot.com.br