terça-feira, 30 de agosto de 2011

Concepção e parto de uma poesia

Autor: Laércio Lins


A transformar preto e branco em cores, é assim à primeira vista.
A transformar pensamentos em palavras, são assim os primeiros sons e as primeiras linhas.
A transformar o silêncio em linguagem, feito mímica, surge a voz do olhar e do pensamento.
A transformar passos em caminhos, é assim a primeira viagem. Um enorme trem de histórias.
Surge fadas, gaivotas, esculturas e um universo imaginário.
Surge templos, naves, deuses e demônios, céus e infernos.
Surge estrelas, pedras e luzes, muitas luzes.
Luzes que fazem brilhar a língua lusitana, revelando formas, desenhando pés, bocas e mãos.
Nasce assim a primeira frase. Frágil e tímida, delicada e clara.
Surge assim um grande amor,
surge assim, poesia,
surgiu assim, quase tudo.
A lapidar pedras brutas, ostras e pérolas a batizar em água e sal o próprio destino, o próprio rumo.

Contemplação à poesia que em forma de mulher se recita, ressuscita, surge e ressurge.
Montada em um cavalo alado sobrevoa montanhas, pântanos, colinas e castelos.
Ora flor, ora luz, ora mar, ora ar.
Lindos pés, alicerces na construção de um texto, sustentação de uma obra de arte.
Imagens. Lágrimas, risos e aplausos. Fantástico cenário imaginário, fantástico mundo imaginário, tanto quanto real.
A busca pela perfeição torna possível o impossível.
Beber o néctar das flores, beber na fonte da vida a água da fonte divina.
Entre sentimentos, entre fragmentos de alegria ou de dor nasce o texto, explodido, sem regras.
Entre estilhaços surge a palavra, a estrofe, o verso, a rima, como um amanhecer.
Concebido e expelido como num parto, erguido como um troféu pelas mãos do poeta, moldado e esculpido como uma escultura do centro da praça de uma cidade imaginária, minha cidade imaginária, que se alimenta e vive nas páginas de seu próprio encanto.
Encantos de beleza essencial e de complementos.
Encontro entre o concreto e a abstração, por que sentimento é preciso e não é exato.
Formas, cores, cheiros, silêncio e som ritmado, cadência do coração marcando a vida que segue.
Ostra e ao mesmo tempo Pérola.
Agora um silêncio, tudo é calmaria, uma leve brisa sopra o berço do próximo poema. Não muito distante, sons de violinos ensaiam a trilha sonora pra outras histórias.

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sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Mão que conduz

Autor: Laércio Lins


A força orientada pela sensibilidade se transforma em afago, carinho que guia, educa e orienta.
O olhar que insiste em ver resulta em descoberta que ensina novos caminhos, por que ser pai não é apenas ter filhos, e sim, transformá-los em pessoas melhores.
Locomotiva a guiar nos trilhos. Ser presente, aprender com a novidade, ver no filho ou filha a oportunidade de se prolongar no futuro e de se reinventar.
Se alimentar da raiz. Ser árvore, cujos frutos sejam alimento, certeza de continuidade e esperança.
Se encontrar nos filhos como em um espelho que volta as imagens e o tempo, se rever criança, voltar ao começo.
Por que ser pai é compreender que é hora de conduzir, ser ponte que transporta da ilha ao continente. Seguir uma estrela e guiar pelo deserto, muitas vezes sem saber o caminho, até o ponto do nascimento ou renascimento.
Por que ser pai é ser “sim” e algumas vezes ser “não” e mesmo sem compreender ser explicação.

A todos os pais por seu dia. Salve 14.08.2011

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Amor e sonho


Autor: Laércio Lins (Texto e gravura)


Não sei se é verdade por ser poesia,
não sei se é poesia por ser verdade,
mesmo que para uns, seja apenas fantasia.
Leve, como é leve a paz.
Se fosse o sonho um encanto, eu adormeceria
e dormindo renasceria,
Já que o sonho é porta livre que permite o vôo mais alto
e o brilho mais brilhante, corre o mundo num instante,
alheio ao tempo, noite e dia.
O amor vem desse laço, dessa mistura, desse traço,
e encontra em cada sonho a harmonia dos braços.
Amor é semente plantada nas profundezas da terra
que a acolhe até brotar.

Não sei se é poema por ser fantasia,
ou realidade por ser poesia.
Mesmo que, para poucos seja clareza e para outros, incerteza,
prefiro ver como abrigo que guarda a sabedoria,
magia da plantação que revela os segredos do chão,
que revela o segredo das ondas compondo a dança do mar.
Inspirar e expirar. Respirar é segredo do ar.
Se o sonho é uma janela, que permite o olhar mais fundo,
nele viajo e encontro o tempo todo em um segundo.
Descubro assim, novos mundos desenhados com outros traços.
O amor vem desse espaço, descansa no olhar e no abraço,
se amplia em cada encontro, cada cheiro e cada laço.

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