terça-feira, 29 de junho de 2010

Uma gota de orvalho em uma folha seca

Autor Laércio Lins

Ser poeta ou poesia é uma questão de estado: líquido, sólido ou gasoso; ou de estação: outono, inverno, primavera ou verão. Noite e dia, mar e céu. Noite escura de onde surge uma estrela. Há poesia nas coisas, há coisas na poesia.
Vi uma gota d água sobre uma folha seca. A água é símbolo de vida, normalmente é referência de brilho, luz, clareza, frescor e transparência. Nesta cena, o primeiro sentimento foi de impotência, de ação que não muda o cenário, a gota de orvalho não rega uma folha morta.
Olhando por outro ângulo, a estética e a beleza do conjunto me emocionou, vida e morte convivendo em harmonia entre o marrom da folha e a transparência da gota d água latente por vida.
A folha seca sem motivo e sem esperança realçava a beleza da gota de orvalho, contrastando com o cheiro de mato verde, terra molhada e fundo musical de um Ben-ti-vi. A gota de orvalho me falou que estava ajudando a folha morta a renascer terra. A cor marrom não era o fim, era apenas uma adaptação para um novo começo. Vi uma Fênix renascer sem fogo, a partir de uma gota de orvalho.

www.aostraeaperola.blogspot.com

4 comentários:

  1. Oi Laércio!

    Que bom te encontrar aqui no mundinho dos blogs!

    Ainda mais por transmitir tanta sensibilidade nas postagens, essa visão poética torna a realidade mais gostosa de ser vivida.

    Estarei sempre por aqui, conte comigo.

    E aproveito pra convidá-lo a visitar meu blog também, ok?

    Beijoca! Muito sucesso!

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  2. A Fênix,ave forte capaz de se transformar em fogo;provém,da mitologia grega.Diz-se que ao morrer realizava auto-combustão e por entre cinzas renascia;o que lhe dá signo de imortalidade e renovação espiritual.Vida e Morte nos cercam todo o tempo.E sob qual ângulo vemos isto?Podemos contemplar a vida sem sequer vê-la de verdade;ou mesmo,ver a morte como algo abominável e desesperante.Cabe postar que há beleza em cada uma das duas e nosso caro amigo Laércio com profunda delicadeza,registrou o momento vivenciado desta união para nos apetecer o real gosto de aprender a olhar e não,apenas,ver!A um poeta cabe este dom,a um ser em 'estado poético' também!Salve,a poesia!Salve o 'observar com o coração'.

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  3. Engraçado! Também experimentei esse mesmo sentimento. Tanto que até ensaiei um versinho. Não ficou bom, mas foi uma tentativa de uma alma sem talento. Veja-o: "Caiu uma gotinha de orvalho sobre uma folha seca. Mas ela não escorreu ao chão como fazem todas as gotas. Apenas ficou ali, na folha seca, encobrindo-a, envolvendo-a com o seu abraço de vida, porque apesar de parecer morta, esquecida e sem chances de vida, a folha teve nesse abraço a recompensa da vida, que é sentir-se amada por uma piedosa e verdadeira vida."

    Beijos...

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  4. Uma das belezas de um texto está nos sentimentos que o mesmo faz renascer. É muito prazeroso escrever sobre um tema e vê-lo se transformar em portas para possibilidades e olhares novos.

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