sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

O Vinho

Autor: Laércio Lins

Depois de uma taça de vinho, só uma, costumo ser exato, depois pode até vir a segunda e a terceira para reforçar minha exatidão, senti como se uma porta se abrisse a minha frente.
A porta refletiu uma luz diferente. Primeiro o brilho da casca da uva, no momento seguinte, enquanto eu me aproximava da porta de meu pensamento, a claridade se intensificou passando por tons lilás, roxo, rosa, até chegar ao branco cristalino da água sem gás da taça ao lado.
Caminho inverso, do vinho para a água, uma viagem no tempo. O primeiro pileque da história, Noé em sua arca, Jesus numa festa de casamento transformando água em vinho a pedido de sua Mãe. O deus grego do vinho Dioniso ou sua versão romana, o deus Baco, reverenciando as cepas. Líquido sagrado que torna úmida as paixões e enaltece as conquistas em um brinde, não importa se vem dos frutados de Petrolina ou dos amadeirados ou terrosos do velho mundo. O vinho não conhece preconceitos.
O vinho é assim, clareia as idéias e ilumina os pensamentos, nos dá certeza de que dois mais dois até pode ser quatro, no entanto, isto é coisa rara.
Um gole de vinho é uma viagem sem passaporte, não é preciso passaporte quando não há fronteiras, se abrem portas de sentimentos e de alegrias.
Um brinde a um motivo. Calado, em um momento sozinho, brindei ao tempo na companhia de pensamentos, lembranças, água e vinho.


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5 comentários:

  1. Tinto seco de preferência! rsrs

    Abraços e parabéns pela linda postagem!

    Beth

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  2. "É preciso estar sempre embriagado.
    Eis aí tudo: é a única questão.
    Para não sentirdes o horrível fardo do Tempo que rompe os vossos ombros e vos inclina para o chão,é preciso embriagar-vos sem trégua.
    Mas de quê? De vinho, de poesia ou de virtude, à vossa maneira.
    Mas,embriagai-vos.
    E se, alguma vez, nos degraus de um palácio, sobre a grama verde de um precipício
    na solidão morna do vosso quarto,
    vós acordardes,a embriaguez já diminuída ou desaparecida;perguntai ao vento,à onda,à estrela,ao pássaro,ao relógio,a tudo que foge, a tudo que geme,a tudo que anda,a tudo que canta,a tudo que fala, perguntai que horas são; e o vento, a onda, a estrela,o pássaro,o relógio, responder-vos-ão:
    'É hora de embriagar-vos!
    Para não serdes os escravos martirizados do Tempo, embriagai-vos: embriagai-vos sem cessar! De vinho, de poesia ou de virtude, à vossa maneira'."
    Charles Baudelaire

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  3. Para mim a bebida é rara, a degustação se dá uma vez ao ano e a aprecio pelo ano todo.

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  4. Rs rs. É verdade, o vinho tem esse poder de se perpetuar através de lembranças de momentos.

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  5. Olá Laércio, boa noite. Pois... A embriaguez, qualquer embriaguez, tem destas coisas estranhas, arriscaria até elevatórias, quem sabe transcendentais. Gostei muito. Um Abraço.

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